I'm back

quarta-feira, 13 de março de 2013 0 comentários

Um ano desde que o vi pela primeira vez, lembro-me como se fosse ontem. Ele cruzou a porta da sala já atrasado para o primeiro tempo. Ele conversava com outro garoto que até o momento também era um desconhecido para mim. Comentou algo que pareceu engraçado, pois ambos riram, e eu mesmo sem saber do que se tratava também sorri lá do fundo da sala.
Ele não me notou, ao menos eu acho que não. Mas desde aquele instante, desde aquele segundo eu senti algo diferente, algo que neguei por algum tempo.
Quando se trata do amor nós somos covardes... nós?  Nós quem??
Na verdade, o covarde sou eu. Como eu queria poder segurá-lo pelo braço e dizer: “Cara, eu te amo”.  Cresci ouvindo as pessoas dizerem que um garoto deve amar uma garota, que um homem deve amar uma mulher, mas sempre soube que eu também amava os garotos. E por conta disso, sinto-me constrangido por esse sentimento, um sentimento que o mundo privatizou como sendo possível somente por ‘heteros’.  Uma amiga lésbica me perguntou por esses dias se eu acreditava em amor entre pessoas do mesmo sexo.  Respondi que “Sim, eu acredito que pode haver esse sentimento bem forte, pois amor é amor independente do sexo.” Então eu sou um homem que ama outro homem.
Não sei como ser um hetero, bissexual ou um gay totalmente resolvido, confesso. Ainda nem sei em que categoria me posicionar, a começar pelo fato de que eu odeio essa coisa de ser ‘taxado’ como sendo algo, como se eu fosse um ser imutável, ou como se eu só me definisse como sendo aquilo e caísse em um estereótipo. Ok, eu sou gay, mas existe algo para além disso. Sou um ser humano complexo e tenho todas essas vicissitudes.
Por conta desse garoto que mexeu com todos os meus sentimentos, que de alguma forma me libertou desse meu preconceito comigo mesmo, consigo me ver de uma forma diferente da de antes, consigo me aceitar. Era como se eu houvesse entrado em um casulo e ele tivesse sido congelado, preso por paredes que me moldavam em um padrão, mas toda lagarta em um casulo espera pelo seu momento de eclosão, e o meu chegou.
Ainda não sou um homem totalmente resolvido. Tenho meus conflitos diários, minhas dúvidas, minhas incertezas. Mas acredito que isso faz parte do homem enquanto ser. Um humano em constante evolução.
Eu espero descobrir como me relacionar com tudo isso e saber como contar pro meu melhor amigo que eu o amo. 

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