Ideias e Conflitos

quinta-feira, 2 de agosto de 2012 0 comentários

Certo dia estava assistindo minha aula de comunicação na faculdade e a professora pediu que fizéssemos uma redação falando sobre nós mesmos, coisas costumeiras, sonhos, desejos, vontades, enfim, a nossa autobiografia. Pensei que faria essa redação em menos de dez minutos, primeiramente esquematizaria, adicionaria minhas ideias, acrescentaria algumas coisas que aprendi no curso de Psicologia e enfim concluiria com uma frase de impacto... tsc tsc, grande engano.
Comecei a escrever a minha redação e não sai das duas primeiras linhas, quando eu finalmente compreendi a situação que estava fique estático olhando para o nada e então me veio uma pergunta na mesma hora “Porque eu não consigo me descrever?”.
Eu tenho os meus planos, projetos pra uma vida, desejos, vontades, sonhos, mas com isso tudo vem às incertezas de uma vida, os porquês, os se’s, probabilidades e possibilidades e por isso eu não consegui concluir minha redação naquele momento.

Mais tarde em casa, com menos pressão e mais calmo pude recomeçar minha redação, primeiro fiz o possível pra ser o mais sensato possível, afinal de contas era uma redação simples a qual eu deveria dizer coisas comuns, escrevi pouco mais que vinte linhas, uma micro biografia bem simples e entreguei. Consegui finalmente sintetizar minhas ideias o que me gerou nota máxima na redação, mas após isso ainda estou em conflito, conflito existencial, analisando cada um dos porquês da minha vida.
Pra concluir faço das palavras de Clarice Lispector as minhas:

"Tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras; sou irritável e piro facilmente; também sou muito calma e perdôo logo; não esqueço nunca; mas há poucas coisas de que eu me lembre; sou paciente, mas profundamente colérica, como a maioria dos pacientes; as pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão; gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo; nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrando? Tenho uma paz profunda, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo; se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz; quanto a minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz; outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim - a do mundo grande e aberto; apesar do meu ar duro, sou cheia de muito amor e é isso o que certamente me dá uma grandeza...”

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